Esses dias atrás o facebook me recordou que já fez um ano que fiz uma viagem que transformou (e ainda transforma) muita coisa na minha cabeça: o tour pela Palestina que a Sandra do blog PapaCapim faz (falando no tour: ela chegou na Palestina tem alguns dias e vai ter muito conteúdo no instagram durante o mês de março. Caso você queira acompanhar clique aqui).
Algum dia vou escrever especificamente sobre as comidas que conheci e provei por lá (e irei terminar os posts desta viagem), me lembro claramente de muitos detalhes! Uma das memórias formidáveis que tenho dessa viagem é que: ao contrário do que o mundo moderno pede, muitas vezes eles são artesãos e especialistas no que fazem. Em vez de uma confeitaria que tem 50 opções no menu, tem apenas uma (e/ou talvez uma variação) que a mesma família faz há anos ou séculos. No mesmo local.
Isso é incrível!
Quando retornei pro Brasil eu só queria comer as coisas que eu provei durante esta viagem.
Tanto pelo sabor quanto para “me levar” aos locais que visitei. Muito hummus, pães, pepino de diversas maneiras, babaganoush, kalayat bandora (um “molho de tomate” com cebolas que é servido com pão), tahine, melado de uva… Comidas e aromas podem nos levar muito longe ou trazer memórias. O poder afetivo da comida é enorme!
Eu nunca havia feito charuto de repolho (ou de folha de uva) antes dessa viagem e “aprendi” em uma conversa rápida com Islam, a nossa host. Ela é mãe de uma família que mora em Aida (um dos campos de refugiados da região de Belém). Pessoas com coração enorme e que nos receberem muito bem 🙂
Entre muita conversa, delícias típicas e chás: ela comentou que quando ia fazer esta receita, normalmente cozinhava o repolho inteiro e depois separava as folhas porque ficava mais fácil. E, realmente: isso facilita muito!
Não fiz essa receita da maneira que a Islam me ensinou porque rende muito. Somos poucos aqui em casa. Sempre que faço, recordo dela e de muitas doces lembranças (e nem tão doces assim) dessa viagem.
A maneira que fiz esta versão de charuto de repolho vegano não é das mais tradicionais porque o arroz já estava cozido. Queria aproveitar que estava já pronto, para diminuir desperdícios. Não me julguem! hahaha
Os ingredientes são bem acessíveis, fáceis de modificar para os seus preferidos ou de acordo com a despensa. A receita é sem glúten e nutritiva. Para quem não tem muita intimidade na cozinha: dá um pouquinho de trabalho modelar os charutos. Mas, vale muito a pena… Vai por mim!
Venha sentir o sabor da Palestina comigo, ele é um pouco difícil mas… Delicioso! 😉
Ingredientes – Recheio:
– 1/3 xícara (chá) de lentilha seca
– 1 1/2 xícara (chá) de arroz já cozido (arroz cru = 3/4 de xícara)
– 4 colheres (sopa) azeite de oliva
– 1 dente de alho em brunnoise*
– 1/2 cebola picada em cubos pequenos
– 1 colher (chá) de cúrcuma em pó
– 1 colher (chá) de cominho em pó
– 1 1/2 colher (chá) de canela em pó
– Sal marinho à gosto
– Pimenta do reino moída à gosto
– Coentro ou salsinha picada à gosto, para finalizar
– 1/3 xícara (chá) de nozes mariposa picada grosseiramente (ou qualquer outra castanha que você goste)
– Suco de limão à gosto
Modo de preparo:
1. Demolhe a lentilha por, pelo menos 2h ou leve para ferver em água por 10 minutos. Coe e despreze essa água.
2. Cubra as lentilhas com uma água nova e leve para cozinhar. Assim que ferver, conte entre 10-15 minutos. A lentilha precisa ficar macia e quase desmanchando para dar liga no recheio. Coe novamente e despreze a água (se o o arroz estiver cru, use esta água para cozinhá-lo). Reserve.
3. Esquente bem uma panela anti-aderente: coloque o azeite, alho, cebola, canela, cúrcuma e cominho. Não pare de mexer para não queimar.
4. Adicione o arroz e a lentilha, mexa bem. Ambos precisam ficar envolvidos pelas especiarias. Verifique o tempero, corrija com sal e pimenta do reino.
5. Deixe o arroz fritar um pouco para desenvolver mais sabor.
6. Desligue o fogo e adicione as nozes, coentro e suco de limão. Mexa bem.
7. Verifique o sabor novamente, corrija (se necessário) e reserve.
Ingredientes – Repolho:
– A quantidade de folhas de repolho é um pouco relativa, depende do tamanho… Aqui usei 7 folhas grandes
– Água
– Sal marinho
Modo de preparo:
1. Separe as folhas de repolho. A maneira mais fácil é fazer alguns cortes na parte inferior, perto do talo mais duro para tirar folha por folha. Ou, se você for fazer uma quantidade grande, pode fazer igual a Islam me ensinou (descrito no texto acima).
2. Se você fizer o meu método: coloque água para ferver, tempere com sal. Assim que começar a ebulição, abaixe o fogo e coloque a folha do repolho para cozinhar. A ideia é apenas deixar maleável, é bem rápido.
3. Retire da panela e deixe amornar. Não coloque uma folha em cima da outra para não continuar cozinhando.
4. Corte o talo mais duro. Pique em pedacinhos e coloque no arroz.
Montagem:
– Recheio em temperatura ambiente
– Folhas de repolho em temperatura ambiente
Modo de preparo:
1. A quantidade de recheio por folha varia: as minhas eram enormes. Coloquei 3 colheres (sopa) do recheio dentro de cada uma.
2. Dobre a parte inferior sob o recheio, formando um rolinho. Pegue as laterais e “abrace” o recheio. Finalize terminando de enrolar, até obter um formato de charuto (na dúvida: assista esse vídeo a partir do 6:18 até 9:11).
3. Organize os charutos em uma panela de maneira que fiquem bem apertadinhos. Como o recheio já está cozido: coloque um dedinho de água na panela e tampe. Leve ao fogo por 10 minutos, apenas para aquecer.
4. Sirva em seguida (aqui foi em uma cama de salada de abobrinha marinada e tahine).
Rendimento: 07 porções.
Sugestão: sirva com molho de tomate.
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