Esta série de posts não terá como foco a comida. Ela vai estar bem presente sim.
Mas, são posts pessoais, onde quero compartilhar a minha experiência com a viagem para a Palestina.
Tentei escrever sobre este assunto assim que retornei mas, as informações na minha cabeça eram tão confusas que eu não conseguia colocar tudo para fora em alguma linha de raciocínio que fizesse sentido para quem me perguntava sobre o assunto. Imagina escrever para vocês? Não tinha como!
Passei boa parte da páscoa pensando nisso, enquanto eu trabalhava nos ovos (que por sinal, eu amei! Que páscoa divertida de produzir! Obrigada por acreditarem em mim ♡ ).
Senti que estava na hora de escrever sobre o assunto porque eu finalmente me sentia mais segura e menos confusa também. Voltei de lá no meio de fevereiro e precisei até agora, dia 27 de abril, para conseguir colocar tudo de modo que faça algum sentido… As fotos estão sem nenhuma edição, não tenho photoshop aqui e com a beleza de lá nem é necessário 🙂
A história é longa, vou explicar tudo do começo:
Em algum dia de 2016, enquanto eu trabalhava, comecei a pensar no fato que eu completaria 25 anos logo no início de 2017 e eu nunca havia feito e planejado sozinha uma viagem onde eu seria obrigada a sair da minha zona de conforto.
Damascus Gate
Durante esses devaneios, conheci um dos projetos da Sandra (Papacapim): um tour político ativista vegano e feminista na Palestina. Ela organiza pequenos grupos de pessoas para entenderem como que é a vida na Palestina e explica o que ocorre por lá. Todos os dias tem comida (muito falafel, hummus e grão de bico ♡), conhecemos os palestinos e as suas histórias, vimos tudo isso de perto, há palestras, visita e estadia em campo de refugiados, tour político com o Bahá, visita em faculdade e papo com os alunos.. A programação é bem longa! Enfim, dá mesmo para entender e compreender a realidade deles. E ela é complicada e triste.
Como eu sei que vão perguntar: a Sandra faz o tour quando ela pode, não existem datas pré-definidas. Quando cabe no planejamento dela, ela avisa no blog as datas. Caso você tenha interesse em saber mais, entre em contato com ela: papacapimveg@gmail.com 😉
Depois de ler todos os posts que tem no dela blog sobre o assunto, tudo parecia muito exótico e diferente de qualquer coisa que eu já havia vivido nessa vida. Queria algo, que de alguma maneira, abrisse a minha mente para entender o que acontece mundo a fora, para que eu não continuasse focada unicamente na minha realidade. Bom, ainda haviam vagas, eu estava disposta a viver aquilo, seria perfeito para começar as minhas viagens sozinha..
Por: Sandra – PapaCapim
Então: destino definido! “Eu vou para a Palestina no próximo ano!”
Depois de comprar as passagens, as dúvidas começaram: “Mas calma, eu sou mulher! E estarei “sozinha” em um país árabe? Quais roupas usar? Como vou falar com as pessoas? Isso, é: será que eu posso falar com as pessoas? Será que eu devo ir mesmo? Já comprei as passagens… Será que é perigoso? Vou pro meio de uma guerra? (Insira aqui todas as dúvidas/inseguranças possíveis)…”
Comecei a pesquisar e conversar com pessoas que já haviam ido para lá, todas me afirmaram que era bem tranquilo e eu não precisaria surtar achando nada. Só chegando lá para saber. Não que isso tenha ajudado muito (haha) mas, pelo menos todos me disseram que era seguro. Saber que elas já haviam ido e retornado já era um ótimo sinal!
Eu também precisava dessas informações para poder falar com a minha família sobre ir para a Palestina. Sabia que não seria fácil informar isso e que a aceitação dessa minha escolha seria baixa ou próxima de zero.
Quando a data da partida estava chegando, comecei a tentar compreender um pouco sobre o que acontece lá para não chegar sem entender nada. Sabia que havia uma certa briga entre Israel e a Palestina mas, eu não entendia como começou, onde, porque, o que aconteceu e o que ainda acontece.
Neste momento da minha vida, percebi que: claramente o que eu tenho de boa cozinheira, eu tenho de péssima em compreender conflitos/política/religião. Fiquei bem feliz em ter escolhido ser cozinheira, rs… Enfim!
Não entendi nada sobre os textos e documentários que assisti, todos eram tendenciosos para algum lado; resolvi que assumiria que não sabia nada, para me explicarem tudo com calma por lá mesmo. Até mesmo uma leitora/cliente me emprestou uns livros (obrigada Laila! <3) mas, não deu tempo de ler antes da viagem. Me arrependi muito de não ter prestado mais atenção nas aulas de história da escola rs
Duas semanas antes de partir, só faltava eu contar para a minha família que iria e estaria tudo em seu lugar! Eles sabiam apenas que eu ia para Paris, que era a segunda parte da viagem.
Não foi muito fácil, contei durante uma refeição e minha mãe saiu da mesa na hora. Meu pai me questionou muito sobre o destino escolhido e fui explicando tudo. No final da conversa ele disse “você deveria ter me avisado antes para eu ir com você também!”. Já a minha mãe só “aceitou” mesmo no dia que voltei para casa ¯\_(ツ)_/¯
Bom, tudo no lugar, mala arrumada, as últimas entregas feitas… Era só ir para o aeroporto e #partiu férias!
Depois de sofrer muito no aeroporto de Roma com a beleza dos italianos, finalmente peguei o vôo para Tel-Aviv. Já haviam me informado de uma grande chance de ser entrevistada pela polícia de Israel no momento do meu visto (que tirado na hora que você chega no país). Bom… Mulher latino-americana viajando sozinha, jovem, com traços asiáticos, tatuada, com piercing, que fez escala na europa? CLARO que fui pega para a entrevista.
Não posso falar que essa parte é legal, na verdade achei bem chato. Só me permitiram entrar no país depois de ter falado quanto dinheiro eu tinha comigo x quantos dias eu ia ficar. Caso isso aconteça com você, apenas mantenha a calma e responda as perguntas, mesmo que eles coloquem muita pressão.
Depois de quase 24h de viagem, finalmente eu havia entrado do país mais militar do mundo! E eu achei impressionante ver como isso era verdade. Homens e mulheres armados para todos os lados. Na estrada de Tel-Aviv até Jerusalém, todas as colônias eram muito bem protegidas e os seguranças bem armados. Militares. E tudo mais o que você puder imaginar. Era um cenário de counter-strike da vida real!
Chegando em Jerusalém, fui para o Jerusalém Hostel. Não recomendo o local porque achei muito caro pelo serviço oferecido e a água quente não funcionava. Era inverno e estava de noite. O frio de lá é bem diferente do que estou acostumada, é bem intenso. Não foi nada fácil tomar banho nesse dia…
Eu ainda tinha um final de dia livre para conhecer a região. Descobri que o mercadão da cidade, Mahane Yehuda Market, era super perto de onde eu estava! Perguntei pro pessoal do hostel, o que eu deveria comer de comida local e TODOS me disseram a mesma coisa: sanduíche de falafel. Bom, não precisavam repetir novamente. FALAFEL É VIDA e eu estava na terra do falafel, claro que eu ia comer esses bolinhos de grão de bico com especiarias fritos até explodir! Também estava com fome demais para pensar muito no que fazer. Além de tudo estava muito muito muitoo frio, garoando e escuro. Sabia que precisava ser rápida se quisesse comer e conhecer alguma coisa em Jerusalém naquele dia.
Assim que fui para a rua, entrei no primeiro local que tinha sanduíche e falafel e pedi um, foram 15 shekels. Não sei se era a fome mas, estava DELICIOSO! O hummus deles é super leve e cremoso, até assustei achando que haviam colocado maionese no lanche (o que seria ridículo, não faz muito sentido). Depois descobri que o hummus deles é bem diferente do nosso porque tem uma quantidade maior de tahine na composição.
Chegando no Mahane Yehuda, me senti em casa: me lembrou muito dos mercados das cidades que já visitei. Muitos feirantes com bom papo (cuidado para não gastar todo o seu dinheiro que nem eu com esses papos rs), comidas bonitas, exóticas e cheirosas. Muitas opções de vegetais locais. Especiarias então… Nossa, milhares delas! Chá, chás, chá com chá e mais chás!
Mas, o que eu mais curti foram as castanhas, todas gigantes e lindas, e a quantidade de frutas secas que eles tinham por lá. Tudo era realmente muito cheiroso e gostei do que provei 🙂
A Old City de Jerusalém também ficava muito perto do hostel, coisa de 10 minutos andando. Porém, como estava frio e chovendo, acabei retornando pro hostel e deixei o quarto aromatizado com os cheiros dos chás que comprei no Mahane.
Não posso negar uma coisa: lá foi realmente um paraíso para comer!
A única coisa que valeu a pena no hostel, foi o café da manhã que foi ótimo: tinha pão, hummus, tahine, tâmaras, salada de pepino com tomate, geléias, café, chá… Acho que foi nesse momento que percebi que essa seria uma das viagens mais fáceis para se comer sem me preocupar e, com certeza, uma das mais interessantes gastronomicamente falando. Era muito fácil de saber o que tinha carne, leite e ovos. Eles consomem muitos grãos e vegetais… É perfeito! rs
Depois de tomar esse café caprichado, era a hora de juntar as coisas para encontrar com a Sandra e as outras meninas no local combinado e, ai sim, começar a viagem pela Palestina… 😉
Por: Sandra – PapaCapim
Fotos: arquivo pessoal e papacapim
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